sexta-feira, 25 de julho de 2003

Senhorita

Mocinha de faces rosadas
Mãos e pés diminutos
Olhos daquele nunca visto verde
E cabelos loiros e cheirosinhos
Pequenina, traços suaves,
Roupinhas clarinhas, inocentezinhas
Guarda na mente um segredinho,
Coisa de menina, coisa de flor.

Porque há uma poça de sangue sob seus pés
Há uma falta de carater e um assassinato sobre seus ombros.

Orgulhosinha de si
Encantadoramente fofa
Delicada, artística, sutil
Se faz presente sem querer
Se faz frágil e amável
E todos a adoram, ó doce
Meiga, centrada
E inteligente, sim senhora, sua melhor qualidade.

Usa-os e, consegue, realiza, despreza-os. Se, é superior
Julga-os, antropofagicamente, devora-os aos corações.



Ai, ai, essa minha mania, viu...

terça-feira, 22 de julho de 2003

Ode ao umbigo
Estou aqui hoje para prestar uma homenagem a esse belíssimo ponto localizado no centro do meu corpo. Toda vez que eu me olho no espelho, exclamo "Oh, my God!", mas logo me lembro que foi Ele mesmo quem me deu esse motivo de orgulho.
Sabe... As pessoas não entendem quando ando pela rua com os olhos fixos no meu umbigo! Acho que elas não sabem o quanto ele é bonito e importante pra toda ordem mundial.
Eu sempre realizo todos os desejos dele. Se ele disser "Petróleo", eu arranjo bilhões de dólares na minha economia capenga, atravesso oceanos, mato civis, minto. Mas o que importa é a felicidade dele!
Às vezes, na calada da noite, ele me conta porque estou aqui. Ele tem respostas pra tudo! Ele me disse que Deus me enviou para um missão civilizatória. E quando faço tudo direitinho, ele fica orgulhoso e fala que eu sou um exemplo de democracia.
Meu pobre umbigo já sofreu alguns arranhões. Malditos vietnamitas! Mas consegui me vingar deles usando agente laranja. Quem liga pra esse povo subdesenvolvido desgraçado? Eu só me importo com meu umbigo.
E ele é tão esperto! Inventou aquela história de "América para os americanos" e aqueles latinos cairam como patinhos! Tá certo que o Plano Marshall saiu pela culatra... Essa tal União Européia. Que coisinha mais ridícula! É nessas horas que eu uso meu fiel animalzinho de estimação, a Inglaterra. Eu a afago na cabeça de vez em quando e ela me protege ferozmente. É uma babaca egocêntrica... Acha que ainda é uma potência... Mas tudo bem, o que importa é que ela faz o servicinho sujo e eu sempre fico com a fama de poderoso.
Tenho tido pesadelos. Neles, o meu umbigo é insultado, escarneado. Imagina?! Uma economia recessiva?? A população mais consumista do mundo com receio de comprar?? São pesadelos horríveis, acordo apavorado, arranjo guerra pras indústrias armamentistas crescerem e me acalmarem... Tipo chá de camomila, sabe? Além do que chama a atenção da mídia e eu posso esconder meu umbigo num lugar bem longe dessa suposta crise.
Se tem uma coisa que deixa meu umbigo feliz é me ver brincar com meus queridos amiguinhos. Eu gosto muito deles! Eles sempre me deixam escolher a brincadeira. O FMI, a OTAN, o NAFTA... Eu era amigo da ONU também, mas não sei porque ela resolveu implicar comigo agora. A gente sempre se deu tão bem e ela sempre deu resoluções a meu favor. Ah, mas quem precisa dela? Ela vai se arrepender por te se metido comigo! Já a fiz perder toda sua credibilidade mesmo... E ela ainda vai voltar rastejando pra mim. Vai mesmo!
Eu estou apaixonado. E o meu umbigo já deu a benção pro casamento! O problema é que ela é um pouco arredia. Mas me fará o país mais feliz do mundo! Se o NAFTA, com aquelas maquiladoras mexicanas e o quase-expansão-do-meu-território-mas-ainda-chamado-Canadá, já me fez lucrar, imagine o que sua irmã ALCA me traria se nos casassemos?! Todos aqueles 30 e poucos paisesinhos subdesenvolvidos pra comprar meus produtos industrializados! E também tem o Brasil! Eu me divertiria tanto arrombando a economia dele com as minhas multinacionais, minhas mercadorias baratas, meu protecionismo hipócrita...
O apelido da ALCA é "área de livre comércio", mas, na intimidade, eu a chamo de "pega latino-americano trouxa" ou "mina de ouro, solução pra minha crise". Se eu me casar com ela, a UE vai se corroer de inveja. Vai ver a ONU está com ciúmes por isso se virou contra mim.
A ALCA acaricia meu umbigo todas as noites e até aparece nos meus sonhos. Espero que esse palhaço texano a convença de se casar comigo logo...
Bom, mas agora é hora de dar 'papá' pro meu umbigo, senão ele chora, esperneia, faz um escândalo. Ele adora quando preparo uns terroristas antiamericanos ou uns islâmicos extremistas pro jantar. Eu os pego sem piedade, afinal, me foram úteis no passado, mas hoje falam mal do meu umbiguinho. E ninguém fala mal do meu umbigo! NINGUÉM!
Então deixo meu último recado: Umbiguinho querido, titio Sam ama você, viu?!


domingo, 20 de julho de 2003

Tava com raiva daquelas inversões barrocas e resolvi fazer uma só minha. Um conto. Duma filha que se vai, duma mãe que se fica. Ficou lindo. Hehehehe, sei lá se ficou, mas eu amei. Tão tortuoso quanto colheres retorcidas por poderes da telecinese. Vou ver se o digito aqui.