domingo, 23 de novembro de 2003

[ Dom Jan 26, 11:35:54 PM ]
Nightmare


Hoje eu quero morrer. Mas só por hoje. E não pode ser uma morte qualquer, de qualquer maneira. Hoje a noite quero me ver branca e gelada, com uma mão pendendo fora do sofá, com os olhos abertos. E quero que o meu espírito observe tudo, de perto, de preto, de cabelos lisos e rosto sem expressão, de braços cruzados e pés descalços. Quero que ele veja a morte do meu corpo, a fraqueza da carne, meus cabelos desgrenhados. E que, quando, ainda lúcida, sentir o cianeto de potássio invadir minhas veias, eu tenha um sorriso nos lábios. E nessa noite, sozinha, vou ser capaz de dar o rumo que desejar à minha vida, sem dúvidas, incertezas ou contragostos. Dessa vez, só dessa vez, eu seja dona do meu nariz, independente, decidida. Nem que seja decidida a acabar com a própria vida.
E que, quando a minha respiração cessar de vez, meu espírito caminhe até mim e me beije na testa fria e suada. E que, quando as pessoas, com seus rostos cheios de horror, exclamarem "Coitada!", ele dê risinhos sarcásticos de seus posto invisível.
E as lágrimas que forem derramadas sobre meu corpo limparão os olhos do meu espírito, olhos que sangram.
Hoje a noite quero me ver num caixão de mogno, de camisolão branco e florzinhas delicadas nos cabelos, como no sonho mais tranquilo. E meus amados, de olheiras ou olhos inchados, silenciados pela dor, levarão flores amarelas. E o meu espírito andará entre eles, desapercebido, e ouvirá histórias da minha infância. E meu espírito sentirá uma dor, tão grande, estridente e rubra. Sentirá que traiu o amor das pessoas que ele mesmo ama.
Hoje, quando meu caixão for fechado e as flores cairem sobre ele, meu espírito chorará torrencialmente junto aos meus "convidados" e desejará profundamente voltar à vida. Desejará viver como nunca viveu.
E no final dessa noite, quando uma garoa fria cair e todos já tiverem ido embora, meu espírito voltará à sala, acariciará o sofá. Ficará desolado, sentirá frio, andará a esmo, terá náuseas. O desespero tomará conta dele. E passará as unhas na pele, tentando arrancar aquele sentimento horrível de dentro dele. E, de repente, quando ele se voltar para o estofado negro, verá meu corpo novamente, estirado, pálido, com a seringa ainda nas mãos e olhos fechados, sonhadora. Sorrirá, ficará aliviado, feliz por ver meu corpo ainda são, ouvir meu coração palpitante.
Nesta noite, quando eu estiver prestes a injetar o veneno letal, meu espírito correrá e mergulhará em meu corpo. Uma onda de arrebatamento me atingirá e a venda dos meus olhos cairá. Como que desperta de uma hipnose, me darei conta do que estava por fazer, me assustarei, deixarei que a seringa caia, tremerei incontrolavelmente. Meus olhos se encherão de lágrimas mas eu sentirei calor, sentirei meu rosto queimar com a vivacidade e meu corpo inteiro formigar, como a buscar ação.
Esta noite, depois de me ver morta e depois de voltar à vida, eu serei outra pessoa. Eu aproveitarei cada momento, darei o melhor de mim, irei até o fim, não me calarei diante das injustiças, não esconderei meus sentimentos, terei orgulho de mim, amarei como nunca o fiz. E nunca mais irei querer me ver morta novamente.

sábado, 22 de novembro de 2003

Depois: Nightmare. Aguardem!
Republicando pra certas pessoas lerem:

[ Qua Dez 11, 08:30:27 PM ]
...:::Carta suicida:::...

Caro Pierrot,

há quanto tempo não lhe escrevo. Muito tempo, não é? Logo você, que sempre foi meu grande amigo, meu amigo inseparável, que sempre escutou meus lamentos, que sempre me viu chorar, me apoiou. E é pra você esta carta, minha ultima carta, é pra você que eu deixo meu adeus.
Tantas coisas aconteceram depois que me fui. Mas a vida não foi boa comigo. Não a culpo. Talvez eu não tenha sido capaz, capaz de construir minha própria felicidade. Você se lembra? Se lembra de como eu era esperançosa? Eu tinha tantos sonhos... Mas depois que fui reprovada no vestibular, meus olhos mudaram. Eu sabia que um curso universitário não era garantia de felicidade, mas era meu grande sonho, era só no que eu pensava. Foi tão duro pra mim. Eu chorei tanto, você se lembra? Você secou minhas lágrimas. Foi quando amadureci. Eu ainda era tão adolescente. Foi umas das últimas vezes que nos vimos. Eu logo parti. Te deixei pra trás. Grande erro. Mas nunca lhe esqueci. Nem quando consegui aquele emprego, minha grande felicidade! Eu só pensava em anunciar aos quatro ventos que tinha arranjado um trabalho e que ganharia meu próprio dinheiro! Eu só queria ir pra casa e deitar na minha cama enquanto você me ouviria e me olharia com aqueles olhos tão carinhosos. Até hoje trabalho no mesmo lugar, na mesma posição. Eu sempre quis ter um cargo melhor, evoluir por mim mesma, sempre tive esse sonho, você sabe... Mas nunca consegui. Não é o que posso dizer de fracasso... Ou é?
Te contei do Daniel? Meu grande amor... Ele é maravilhoso. O conheci na praia, tão lindo. Eu deixei que ele fizesse comigo tudo o que queria. Eu gostava, não nego. Ele me usou. Ele me ligava e me dizia que me queria e eu parava o que quer que estivesse fazendo e ia pra casa dele, ou ele vinha na minha casa e a gente derrubava as coisas e ele sujava meus copos. E eu lavava a louça dele depois. Eu lavava, acredita? Céus, isso é que é amor! Eu nunca pensei que lavaria a louça de alguém! E depois, ele ficava meses sem me ligar. E eu me descabelava, emagrecia, tomava anti-depressivos. Aprendi a gostar de bebidas alcoólicas nessa época. Dei alguns vexames... Coisas tristes, nem gosto de pensar. Me envergonho disso, eu nunca gostei de bebidas. Você sabe. Depois de todo aquele tempo, ele tocava minha campainha e a gente fazia amor no tapete, sem que ele me desse nenhuma explicação. Eu me sujeitei. Fui contra mim mesma, as coisas que acreditava. Eu, quando era jovem, nunca pensava que iria viver uma coisa dessas! Eu era tão feminista, me achava tão forte. Mas eu me enganei, eu sou fraca. Tantas vezes chorei, encolhida num canto da minha casa. Não é nada como imaginei. Eu queria que tudo fosse de outra forma e meus sonhos eram tão bonitos. Bem.. O Daniel se casou há dois meses. Já nos encontramos depois disso, mas não me sinto bem assim, sendo sua amante. Mas quando ele aparece aqui, não consigo recusar. Acho que ele sentirá minha falta. Espero...
Você tem visto as meninas? Tenho pensado muito nelas ultimamente. Elas estão bem, não estão? Tenho certeza que estão felizes, todas conseguiram o que sempre aspiraram. Só me entristece o fato da gente ter se separado. Quer dizer, eu ter me separado, pois sei que elas estão juntas sempre que podem. Bem, a verdade é que eu não tenho amigos. As vezes, aos sábados, eu comprava algumas coisas, pra fazer um lanche, um café, caso alguém viesse. Ninguém nunca veio. Não sei se alguém, além de você vai estar no meu funeral. Vou deixar minha carteira de identidade no bolso para me certificar que saberão meu nome.
Não deixarei nenhuma herança, afinal, não tive filhos. Você se lembra de quando meu pai teve aquele ataque fulminante de coração? Me arrependo tanto de nunca ter dito o quanto o amava. Mas nada me fez sofrer tanto quanto aquele incêndio... Todos, mortos... Foi horrível. Me senti sozinha, completamente sozinha e é assim que me encontro hoje. Penso em como estaria meu irmão, minha prima. Seriamos uma família, mas eles foram tirados de mim. Eu realmente sinto falta da minha mãe. Por quê? Por que eles tinham de morrer daquela forma? Na noite de Natal?! Foi horrível. Eu nunca superei. O baque foi muito forte, muito forte pra minha mente fraca. Quando cheguei ao prédio, atrasada, com os presentes nas mãos e o vi em chamas... Eu desmaie, passei dias em choque... Mas ninguém cuidou de mim... Todas as pessoas que me amavam morreram ali. Não posso viver sem eles. Me entristece saber que os suicidas não vão para o céu e que terei que passar a eternidade sem eles, pois eles foram pro céu... Eles eram a melhor família que eu poderia querer.
Ah, eu me sinto tão triste, sem razão pra viver... Minha casa está tão fria... Eu estou tão fria... Eu não leio mais, eu não tenho vontade de comer, as palavras não saem quando escrevo. Minhas roupas estão sujas, meus cabelos sem corte, roí as minhas unhas. Meus espelhos estão quebrados, meus lápis sem pontas. Cansei do cor de rosa, rabisquei as paredes com batom. Joguei fora meus CD's, abri a barriga dos meus ursinhos de pelúcia e espalhei o recheio deles pela casa. Guardei a cabeça de alguns. Não sei porque fiz isso... Eu gostava tanto deles...
Sabe, acho que estou muito cansada. Cansada de ver meu próprio fracasso, minha incapacidade. Estou cansada de ter sonhos e saber que eles nunca serão realidade. Estou cansada de passar as noites olhando pro teto rachado do meu apartamento. Meus olhos tem vergonha de ver meu rosto no espelho.
Eu não suporto mais a solidão... E pensar que um dia ouvi tantas juras de amor eterno. Disseram que nunca iam me deixar. Mas só restou você, querido. Você foi meu único amigo. Me desculpe. Me desculpe se não fui a amiga que você quis ter ao seu lado, me desculpe por todos os meus defeitos. Pela minha fraqueza... Me desculpe se esse meu ultimo ato lhe causar dor; se a minha covardia, minha desistência lhe fizer chorar... Você não merecia isso. Você é tão bom. Você merecia uma amiga melhor, mas presente. Obrigada. Obrigada por tudo que você fez por mim, por me ouvir, por ler essa última carta, pelos seus olhos azuis tão compreensivos... Torço, do fundo do meu coração, pela sua felicidade e sucesso. Você merece, querido. Saiba que eu nunca vou esquecer você. Sabia que pensarei em você de qualquer lugar em que estiver. Eu te amo. Você foi como um irmão pra mim.
Sua querida amiga, Juliana.



Ok, ok, precisamos esclarecer algumas coisas. Esta é minha carta suicida. Ela é um tipo de "Soma de todos os medos". Tudo que eu mais temo aconteceu à Juliana da carta. Mas ela não sou eu. Pelo menos por enquanto, hehe...
Esse texto foi escrito pra ser deprimente, eu queria fazer algo bem emocionante, fazer alguém chorar quando lesse. Não sei se será possivel. Mas foi o melhor que pude fazer.
Outra coisa que precisa ser dita: Pierrot é meu gato branco de olhos azuis que me acompanha nas noites insones. De pelúcia.
Esse texto foi começado dia 11 de Dezembro de 2002 e terminado dia 26 de janeiro de 2003.

quinta-feira, 20 de novembro de 2003

Ela

Andando assim, sorridente,
Menininha tão bonitinha,
Os cabelos formam cachos rebeldes
Imperceptíveis ainda os dominantes de pai e mãe
Que a farão ter cabelos crespos insanos
Pequena como são as crianças de um ano
Mas, apesar da melanina tão presente em sua pele,
Tem incríveis olhos verdes!
Talvez sua avó não chegara a saber que era fruto
De uma aventura extraconjugal de sua mãe escrava
Com um italianinho loiro de olhos azuis.
Perninhas gorduchas, narizinho de batata
Seria uma mulher dessas gigantes,
1,70m, 60 de cintura, 90 de quadril,
80 de busto, boca carnuda no significado
Mais próximo da palavra 'maravilhosa'.
Tão poderosa, controlaria os homens
Não somente por sua beleza
Mas também por sua linda inteligencia
Seu charme perfumado, sua garra radiante.
Uma mulher difícil, como são classificadas
As revolucionárias, as cultas, as lutadoras.
Ainda criança, estica os bracinhos para alcançar
As mãos brancas dos pais.
Passeiam pela rua, ela acompanha com 3 passos
Cada um que os adultos dão, distraídamente.
Mal sabe ainda da sorte que teve,
Tantas crianças abandonadas, ela, escolhida
Saberá reconhecer, ser grata, os amará.
Mal sabe ainda do que a vida é capaz
Tanto preconceito, tanta discriminação
Porém, previsivelmente, resistirá
Não se conformará com todos os problemas
Desse mundo tão sem colorido.
Em defesa dos seus e dos outros excluidos
Levantará a voz, terá febre
Ouvirá palavras que arranham.
Negra, com pais brancos,
Casar-se-á com um oriental
Cosmopolita em si mesma, será célebre
Conviverá com diversas culturas,
Será aquilo que as pessoas precisam
Para viver em paz: Tolerância.
Garotinha de missão que se cumprirá
Novinha, pés macios,
Dentes ainda incertos, mas,
Com um futuro brilhante e doloroso
Talvez, heroína.

terça-feira, 18 de novembro de 2003

The end

A melhor coisa do fim
É nunca mais ver o Peixe
Nem ouvir a voz do Reginaldo.

sábado, 15 de novembro de 2003

Quem é você?

Quem foi que lhe deu moral pra me dizer o que fazer?
Sabe, o mundo é uma grande China, uma grande 25 de Março, um grande CD pirata...
É tudo igual, de baixa qualidade, exigi pouca tecnologia e explora operariado com baixa remuneração.
Saturada

Estou cansada das pessoas
com seus atos clichês,
suas palavras piegas,
suas imitações baratas,
suas comparações dispensaveis.
Eu não nasci pra ser igual.

domingo, 9 de novembro de 2003

Estamos...

Cada um em seu cômodo
Todos na mesma casa
Juntos nesse barco
Afundando? Não, não
Prestes a vencer a tempestade
Unidos não só pelo sangue
Unidos sim pela alma que é muito mais forte
Sofrendo calados
Chorando escondidos
Sendo fortes e corajosos
Apaixonados por nós mesmos
Num triangulo amoroso harmônico
À beira de um precipício
Olhando uns nos olhos dos outros
De mãos dadas
E estaremos até a eternidade.

domingo, 2 de novembro de 2003

Humm.... Hoje tô a fim de um poeminha felizinho, apaixonado...
Vou tentar..



Vem, meu amor...
Vamos dançar
Me leva em seus braços
Beija meu pescoço
Me faz me perder, me esquecer

De olhos fechados, tudo é psicodélico
Tudo é você e eu
E eu posso sentir seus cabelos no meu rosto
Eu posso rodopiar sem medo de cair
Porque você sou eu e eu sou você.

Seu perfume me alucina
Seu toque me arrepia
E eu sorrio só de ver seus olhos em minha direção
Você me ilude
Eu te engano

Somos só nós dois
Ninguém mais existe
Ninguém mais importa
Só você
Só eu

O amor me confunde
Você, meu amor, me completa
Fomos inspiração pra Vinicius de Morais
Observados por Shakespeare
Flechados por Vênus

Os céus e a terra são uma coisa só
As flores nunca estiveram tão harmonicas
As cores nunca estiveram tão vivas
As músicas me fazem sonhar
As pessoas são tão lindas

E vamos, assim, tão juntos
Tão viciados em nós mesmos
Tão amorosos e em ebulição
Rubros, rubros
Dançando pelo salão.