terça-feira, 8 de maio de 2012

hoje pela manhã, quando deitava o café na xícara, percebi que era aquela que você me deu, com palavras de amor. faz tanto tempo, parece que foi ontem. a xícara que você me deu está durando mais tempo na minha vida do que você.
eu sinto a sua falta ainda. não todos os dias mas eu sinto. principalmente quando estou triste. não posso dizer que você antes 'estava ali pra mim' nos momentos difíceis. mas era com quem eu podia falar que estivesse pensando, sobre meus problemas, o que se passava no meu dia... com você, e você era e ainda é o único, eu podia conversar sobre qualquer assunto, menos um: nós.
nós costumávamos ser tão parecidos quando jovens. tínhamos tanto em comum. mas você mudou. eu mudei. tivemos timings diferentes. você me quis quando éramos crianças. eu te quis quando eramos velhos. disso eu me arrependo. porque se eu tivesse visto nos seus olhos o encanto que vi mais tarde, quando ainda tínhamos aquela esperança adolescente, nós poderíamos ter vivido algo muito especial, mágico até, que só acontece antes que a vida nos deixe cheios de cicatrizes. não que isso não fosse durar apenas um instante, mas seria bonito.
passou. eu me tornei amarga, você se tornou seco. não existia esperança alguma pra nós. mas eu ainda sim quis me iludir.
é tudo tão mais fácil sem você. porque você era o único com quem eu parecia me importar. eu não me importo mais com o que os outros pensam, eu não me importo em dizer a eles o que eu penso. eu não me importo. eu não quero conversar. eu simplesmente os deixo falando sozinhos e vou embora. mas com você era diferente. e era isso que doía. eu queria me explicar, queria te convencer, queria que você soubesse, queria mais de você... então vinham os desentendimentos. e eu me magoava tanto, tanto... porque você era o único que tinha acesso ao meu coração gelado e no fundo eu sou totalmente abalável e frágil... só a pessoa que a gente mais ama pode nos machucar tanto. eu nunca mais vou gostar de alguém como gostei de você. porque você me pegou em branco. 
não foi a vida quem nos separou, fui eu. por acidente e de propósito. eu sabia que longe ia ser mais fácil. eu não gostava da pessoa que eu era quando estávamos juntos. aquela não era eu e ainda não sei porque me transformava naquilo. talvez minha tentativa desesperada de lhe chamar a atenção. but it is what it is. there is no turning back. não espero que nada disso mude, que o tempo volte. é isso. esse é o nosso desfecho. 
quando nós ainda tínhamos a inocência de dizer 'eu te amo', costumávamos complementar com a expressão 'pra sempre'. 'Eu te amo. Pra sempre', você disse. está escrito ainda naquele papel que você me deu. aquele que eu guardo até agora. junto com a caneca, as fotos e até um saquinho de adoçante. e não era mentira, nada daquilo era mentira. acho que até que nisso continuamos concordando. pode ser meu último suspiro otimista mas eu acho que você ainda sente isso. e eu também. eu também ainda te amo. pra sempre.