quarta-feira, 8 de novembro de 2006

Está ventando e eu sinto frio. Eu gosto. Eu sempre procurei, fui na direção da janela, da sacada, da porta, da fresta.... Eu quero o vento do 18° andar batendo no meu rosto. E me consola. E me comove.

São cinco da manhã mas não há sinais de amanhecer. Tudo está escuro e dormente. Eu ainda não dormi. Eu fiz de tudo, eu assisti, eu ouvi, eu fechei os olhos e pensei, eu tentei, tentei de novo e não consegui. Avassaladora é a insonia. Muito mais para os que tem imaginação fertil como eu. Inspiradora é a insonia. Muito mais para os que tem boa memoria como eu. Se antes a insonia era até poética, hoje é solitária.

E a cada movimento no relógio eu me lembro de similares, genericos e paliativos. Eu não quereria. Mas quem consegue me conter? E vago pela mente, pelas cores, pelo passado irreversivel e irremediavel. E me lembro que sempre fui insone. E que a cada época eu tinha um bom motivo pra pensar. Na verdade um mau motivo.

E eu posso imaginar todo tipo de besteira sentimental, vingativa, cetica, displicente. Mas eu não quereria. Se me conheço, e conheço, é apenas momentaneo, mas parece uma eternidade. Os vidrinhos coloridos da minha prateleira estão prestes a cair, desabar todos eles sobre a minha cabeça. Enquanto eu mesma não processo um novo vidrinho, me assombram os velhos.