quinta-feira, 11 de outubro de 2007

Faltam dois meses e poucos dias pra minha vida dar uma nova reviravolta.
Dessa vez eu tenho menos medo. Como há quatro anos, quando o futuro era uma incognita e as previsões quase impossíveis. A única certeza era de que as pessoas se distanciariam.
E tudo é semelhante.
Por ja ter vivido uma situação como essa, minha coragem está dobrada.
Não nego que foi dicifil, mas reconheço as vezes precisar me esforçar pra lembrar quais foram os meus sofrimentos. E hoje parece que nem doeram tanto quanto eu sei que doeram.
Mas eu sobrevivi.
E vou sobreviver com maior facilidade dessa vez.
O mais irritante é essa contagem regressiva. É o meio termo entre o aqui e o lá que está trancando as minhas possibilidades até 31 de dezembro de 2007.
Tem tantas coisas a serem feitas, tantos planos esperando pra ser colocados em prática...
Não suporto mais a espera. Quando me concentro no presente, no tal 'aproveitar os ultimos momentos', bate um marasmo... Entretanto, quando a ansiedade toma conta de mim, eu só penso em ir embora, em tocar tudo pra frente, em me lançar num mundo totalmente desconhecido, em dizer 'beijobeijomeliga' pras pessoas e sair em busca de novas.
Quando se tem um prazo, fica mais facil de suportar os defeitos de quem convive com você, mas a cada episodio torna-se mais gritante o mantra 'quero que tudo isso acabe logo'.
É uma grande contradição. Vão dizer 'sentirá saudade'. Vou mesmo? Eu não sinto saudade de antes e, sinceramente, acho que serão poucos os pontos de saudosismo. Existe sim um sentimento nostalgico. Pra mim reina o 'foi bom enquanto durou' porque as peças simplesmente não se encaixam mais.

sexta-feira, 27 de julho de 2007

Quem lê esse blog? Só eu? Se sim, eu posso dizer o que quiser, posso dizer pra mim mesma o que eu admito não admitir pra ninguém. Isso é uma falha minha? Talvez não. Tenho muito claro pra mim mesma certas coisas que definitivamente não são da conta de mais ninguém, só minhas, guardo pra mim, são todas minhas, só minhas. Deixando de lado o pronome possessivo, quero fazer um post.


Estou feliz. Estou alegre. Sai do meu estado de infelicidade (que já diversas vezes expliquei como penso), pra uma alegriazinha da mais gostosa. Ela é como um zumbidinho no ouvido de tão pequena. De tão singela. Entrou em mim como centimetros de pele se encontrando num abraço, ficou como o perfume deixado de alguém... E reaquece minha alma a cada coisinha como plaquinhas de msn, mensagens de celular, dedinhos que se tocam no sofá.... E eu estou feliz. E me permito. Se posso aprender com a vida, tenho certeza que essas pequeninas sensações são o que fazem valer a pena. E me deixo sem medo porque se me ilude, e mais do que nunca (mais do que nunca mesmo) eu quero ser iludida, não me importa. Eu gosto disso que vejo quando fecho meus olhos. Eu gosto da longinqua esperança (e pela primeira vez eu me permito ter esperança) que se colore mesmo mantendo tão sisudamente os pés no chão... Ai, eu gosto... E é como eu achei que seria e como eu nunca tive. E o passado é passado, 'os outros são os outros e só', 'o passado não vale mais nada', 'os outros eram manjericão' e eu sou só eu mesma e não consigo expressar com palavras diferentes a diferença tão grande que se faz aqui dentro e acabo falando coisas que eu já disse antes... "Conta para mim, qualquer coisa assim sobre você, que explique a minha paz..."

terça-feira, 5 de junho de 2007

Pai


Esse assunto tem martelado aqui. São tantos os motivos pra me desculpar, pra esconder o verdadeiro, aquele que eu sempre tive medo de sentir.

Pai. Durante muito tempo considerei a hipotese de nunca me sentir mal quanto ao relacionamento com o meu pai. A coisa toda nem é tão complicada assim, na verdade é tudo simples, suponho, sou eu a emaranhar sem necessidade.

Eu não consigo me lembrar da ultima vez que falei com ele ao telefone. Muito menos quando o vi... E de tempos pra cá tenho sentido uma coisa que nunca senti em toda a minha vida: saudades dele.

Eu não me lembro da época em que era apegada a ele, quando ainda era um bebe e dormia na barriga dele no sofá... Quando me levava pros jogos de futebol e eu assistia de dentro do carrinho enquanto um amigo dele ficava ao meu lado. Eu não me lembro de morrer de medo dos fogos de artificio na virada do ano quando estavamos na praia, sentada, encolhida, nos ombros dele. Mas está tudo isso aqui dentro de mim.

Mais tarde, aprendi logo a viver sem ele, já que seu trabalho o levava para cidades fora de São Paulo por semanas. Hoje imagino o que sentiria a minha mãe naqueles períodos.

Depois disso veio o dilema da separação, o fim do casamento... Sem entrar em detalhes, assumi o posto de capitã de uma fortaleza e construi uma muralha entre nós.

Ele é sem dúvida a causa do meu ceticismo quanto ao amor, quanto aos homens, quanto a tantas outras coisas...

Não que antes disso tudo fosse as mil maravilhas, sempre houve tantos pontos de divergencia...

Mas agora, eu nem consigo me recordar quais eram eles...

Eu continuo respeitando-o como meu pai, como imagino que todos os pais deveriam ser respeitados, nunca levantei a voz ou fiz algo para insulta-lo. Se ele disser algo que eu não gosto, não falo nada, afinal, tenho em mim a caracteristica de acreditar que cada um pensa o que quiser, o que foi levado a pensar, o que sua vida lhe mostrou... Não tento mudar a opinião de ninguém, isso inclui a ele.

Porém, ele não sabe nada da minha vida. Ele não sabe o que eu faço ou deixo de fazer, das minhas necessidades, meus amigos, minha faculdade... Não peço permissão a ele quando vou viajar (na verdade não peço mais a minha mãe também mas tudo isso se deve a um grande caminho em direção à liberdade da vida adulta que assumi desde que fui morar fora de casa), não conto quando estou doente, qual livro estou lendo, quem estou namorando...

Isso durante muito tempo não fez diferença, até facilitou muitas coisas, na verdade... Tudo o que eu não queria era um pai me condenando pelas roupas que eu queria usar ou me impedindo de sair com quem me desse vontade.

Eu sei bem que isso não significa que ele não me ama ou não está nem um pouco interessado na minha vida. Sei que tudo isso é resumivel a duas palavras: confiança incondicional. Ele confia em mim incondicionalmente, sabe que sou responsavel, sabe que tenho juizo... Nunca pediu satisfações sobre coisa alguma, nem sobre o dinheiro que me mandava nem nada. Não existem cobranças.

Talvez ele não se sinta no direito de cobrar nada de mim porque eu sempre lhe dei a impressão de estar em falta comigo.

E hoje eu compreendo.

De uns tempos pra cá eu tenho sentido uma coisa estranha. Era uma não-saudade de uma coisa que eu nunca tive. Eu vi tantas outras pessoas e tantos outros pais e tive vontade de que o meu pudesse ter sido diferente. Mas estava conformada com o fato de saber que isso nunca havia sido de outra forma, saber que nem todas as pessoas são iguais, me contentar por nunca termos brigado ou qualquer outro incidente que nos entristecesse seriamente.

Alguns novos incidentes, entretanto, trouxeram aquele medo que eu sempre tive medo de sentir. Arrependimento. Arrependimento precoce de imaginar que um dia eu posso chorar por nunca ter tentado mudar.

Mas ao mesmo tempo, como? Faz quase dois anos que não nos vemos e somente agora sinto saudades, somente agora caiu a ficha...

Ele não mora em São Paulo, eu praticamente não moro em São Paulo... É tudo tão longe...
Eu gostaria de pelo menos poder ter contato suficiente pra saber o que nos levou a essa distancia abissal.

Nunca em toda a minha vida eu tive coragem de expressar a falta que ele tem feito. Nunca... Eu tentei conversar sobre isso vez ou outra mas quem está aqui pra isso?

Não sei o que querer, o que pretender... Não posso dizer que irei nascer de novo, iremos nos redimir plenamente, mas quero poder acreditar.... Quero poder ir aos seus churrascos, quero poder apresentar pessoas importantes pra mim a ele, quero ver suas palhaçadas... Quero ouvi-lo cobrar a benção que eu sempre peço só depois dele cobrar... Quero rir com ele, assistir jogo de futebol na tv com ele, quero ter fotos com ele, quero ter ele na minha vida novamente.
Temos tempo ainda, me alegra, temos tempo ainda pra mudar isso tudo. Me alegro.


(só não sei por onde começar)

quinta-feira, 31 de maio de 2007

Obra de ficção

Ela abre os olhos e sente aquele perfume. Recorda que ao deitar, foi o ultimo cheiro que sentiu.
Durante todo o dia, aquele aroma a cerca, se uma virada brusca o faz dissipar por simples minutos, é quase certo que um quê qualquer o trará de volta.
E é bom. É o melhor que já sentiu na vida. E tem medo do vicio, mas ao mesmo tempo não tem medo. E pensa "Mas é tão dificil..." e tem vontade de chorar... Mas percebe que não, que na verdade é fácil... E todas as coisas do mundo conspiraram pra que as rosas, as violetas, damas-da-noite, todas flores, ficassem subjugadas a esse perfume. Completamente subjugadas a ESSE perfume.

quarta-feira, 2 de maio de 2007

Tem dias merecedores de posts clichês...

Pergunto-me o que são as pessoas na minha vida...
Divagando por uma em especial, talvez essa seja uma das pessoas mais importantes e também das mais complicadas.
Foi assim, foi de outro jeito, é saudavel e doentil...
Demais pro meu ser humano involuído acreditar que sim, a distância nos faz bem. Mata-me de medo e apreensão o futuro, quando as distâncias forem mais curtas e as desculpas mais esfarrapadas.
Porém, não há como negar a ligação cósmica, telepática, extra-sensorial que nos une. Passo dias sentindo a sua falta e quando o tenho, poucas coisas me chateiam e eu penso se não devia tê-lo abandonado há quase quatro anos...
Os segredos tantos que tenho, o limite entre os impublicáveis e os pouquíssimos que permito revelar, é nele que se dá. Nas noites insones, nos dias tristes, no meio das lágrimas, do álcool, da diversão, é pra ele que o meu celular toca. Quando a plaquinha do msn sobe com o seu nome, não há como não sorrir singelamente.
Por ele já me humilhei, já mudei o modo como pensava, já tive crises... Ele já me viu bonita, feia, magra, gorda, feliz, chorando, indo embora sem dizer tchau, querendo ficar pra sempre...
Só por ele eu me esforçaria nesse momento pra curar todos os males possíveis. Só nos problemas dele que me perco as vezes. Só por ele me anularia por alguns segundos, pra que ele ficasse feliz, satisfeito... Só ele encaixaria a cabeça no meu ombro pra que eu fizesse carinho no seu cabelo...
Por mim? Por mim ele se atrasa, muda de opinião, de lugar, joga a culpa na tecnologia, me irrita, me decepciona, me faz chorar e ter momentos depressivos como esse, quando me vejo exigente demais, pessimista demais, colocando-o num altar mais alto do que ele se coloca na minha vida... Então ele me liga, me beija (de longe), me conforta, me ouve, me faz acreditar que há esperança, me considera, me ama, me confunde, me faz voltar atrás, me convence...
E tudo isso é tão mais forte do que qualquer relacionamento carnal que é seu o bibelô que olho todos os dias no meu criado mudo. E eu posso odiá-lo como nunca odiei mais ninguém só porque o amo mais ainda.
E só porque o amo mais, entristece-me igualmente cada um dos nossos tropeços.

Eu sei que sou extremamente imperfeita, que nas horas mais significativas da minha vida coloco peso demais nos seus ombros (sem ainda deixá-lo consciente disso) e tomo como ofensas coisas tão desvalorizadas especialmente por ele.... E me condeno por isso. Até estabeleço para mim mesma que a pena a ser paga é tira-lo da minha vida... Pena essa que já não cumpri uma vez, que até hoje me alcança os calcanhares em certos momentos, mas que talvez seja dura demais porque a minha vida hoje é impossivel de ser prevista sem ele por todo o tempo que nos resta. Porque talvez eu não mereça ser condenada com uma pena tão dura quanto essa.

Faço tempestade em copo d'agua, sou a personificação do superlativo, mas isso inclui meus sentimentos.

E o amo de tal forma incompreensivel que dedico a ele um post dos mais cliches, naquele momento situado entre a decepção eterna e a satisfação eterna pra dizer que eu não acho explicação nenhuma pra nós dois.

Só sei que o amo e quero pra sempre.

(E foram poucas as vezes na minha vida que pude dizer com tanta propriedade e coragem e completa certeza a conjugação desse verbo)
Exatos um mês atrás eu resolvi fazer uma lista da coisas que me irritavam, está salva no modo rascunho o inicio dela...
Mas depois eu percebi que seria tão extensa, tantas idas e vindas, conclui, na verdade, me irritam as pessoas.
Essa frase resume absolutamente tudo.

segunda-feira, 2 de abril de 2007

Tanta coisa mudou....
Tão pouco tempo, tanta coisa aconteceu, tive até que colocar uma pulseirinha vermelha pra ver se acabava aquela maré..
Mas nada que não seja superavel...
De repente eu me vejo sem medos infantis que um mês atrás ainda me assolavam....

domingo, 4 de março de 2007

Sobre uma perda

Difícil. Desde de a primeira vez que a palavra 'câncer' saiu assustadoramente trêmula da minha boca. Eu não pensava que sentiria toda aquela fragilidade sendo uma pessoa racional e esclarecida, mas cada consoante, cada vogal, cada sílaba lutou antes que fosse completada. Eu não podia imaginar que seria assim.
Eu me lembro da última vez que a vi, já tão debilitada porém lúcida como sempre. Estava dormindo mas fiz questão me despedir, ela abriu os olhos, olhou pra mim e eu beijei a sua testa. Eu não sabia, eu não queria saber, só tinha medo de saber e não fazer a coisa certa, eu não sabia, mas, de alguma forma (e não era preciso ter grandes poderes místicos), eu sabia.
E quando vieram os fatos, carregava meu celular sempre comigo, e sabia que, se algo acontecesse, logo me contariam. Quando vi no identificador de chamadas, tive medo. E ele se confirmou.
Estranho pensar que não a verei mais. Fecho os olhos e vejo claramente o seu rosto, seu jeito de mexer as mãos, sua voz grave, seus comentários tão peculiares. Torna-me a mente sua imagem como a vi por anos a fio, sentada naquele canto especifico do sofá.
A dor é como um produto notável.
A primeira é a saudade precoce, a tristeza instantânea. Um pouco de conformismo pelo cessar de seu sofrimento.
O segundo fator é a tristeza estampada na face de todos a sua volta. Dói tão imensamente ver nossos amados a chorar.
Depois a perspectiva de um futuro para aqueles que mais conviviam com ela, como se tivessem de aprender tudo novamente pois não houve um só dia desde que me lembro por gente que ela não estivesse presente naquela casa, exceto em seus momentos finais. Como se elas devessem agora aprender a andar no escuro, como se tivessem mudado subitamente de moradia, de país.
Quarto e mais aterrador é sim o medo da morte. Não da minha própria morte, mas de ver, um a um, cada um dos meus entes mais amados e queridos, serem tirados de mim, já que ainda me assola a juventude e que a alguns já assola a velhice. Por enquanto não posso prever, uma triste suposição pela talvez 'ordem-natural-das-coisas'. Nessas horas lembramos dos sofrimentos que nos estão destinados, irremediavelmente destinados.
Novamente me recordo da cena. Ela se foi e eu fiquei, deixamo-nos de forma serena, estávamos em paz e orgulha-me isso. Eu entrei no quarto, caminhei uns dois passos até ela, deitada de olhos fechados na cama.
-Tchau, Tia Hilda. - Ela abriu os olhos, fixou-os em mim. E eu beijei a sua testa.


Tchau, Tia Hilda.

sexta-feira, 16 de fevereiro de 2007

Postulando sobre o carnaval

Hoje é sexta feira, o carnaval é só na terça mas podemos dizer que é véspera de feriado. O transito já está ruim, os aviões vão atrasar, eu vou pra praia, coisas assim...
Aí aparece toda aquela discussão mediocre sobre o 'ódio de alguns para com o carnaval', festa que só tem gente pelada, música ruim (?), que no Brasil-nada-funciona-antes-do-carnaval, ou que é um disperdicio ficar 4 dias e meio festejando quando se tem coisas muito mais úteis a fazer e que a imagem do Brasil por aí é só samba-bunda-plumas.
Ninguém quer a minha opinião, mas...
Carnaval é uma festa popular. Aqui no sudeste a gente vê as escolas de samba com mais destaque, mas por todas as regiões, as manifestações são 'très' variadas. São todos ritmos populares, mas cada um com o seu tipo de dança, tipo de vestimenta (e não a falta de), seus significados, seus publicos.
Musica ruim? Bom, eu entendo boas 'porra-nenhuma' sobre música mas isso pra mim é discursinho de pseudo-erudito. Quem estuda musica de verdade sabe muito bem que essas são caracteristicas muito importantes pra um povo como expressão e nela podem surgir grandes idéias, grande obras.
365 dias por ano. Você trabalha 365 dias por ano? Digamos que você tenha férias anuais de uns 20 dias, mais os finais de semana, mais os feriados prolongados... Não, eu não vou fazer essa conta, mas fique bem certo que grande parte da gente desse brasilzão-de-deus trabalha muitas horas por dia, incluindo finais-de-semana, feriados e sequer tem direitos para reclamar umas férias. Além disso, não tem oportunidade de pegar um ônibus e ir conhecer praias novas. Esse país pode até ter feriados demais no calendario, mas essas folgas só se aplicam a privilegiados e carnaval é um dos poucos sinonimos de festa pros outros grupos. Ou você já viu algum trabalhador arduo e honesto reclamar 'blasémente' da folia?
Eu tento entender tudo isso como uma libertação da rotina, das regras, do moralismo. Um dia em que você pode ser o que quiser, pode esquecer as regras de etiqueta, os padrões de beleza, se encher de purpurina, não se importar com as celulites, ser pecador-promiscuo-vagabundo-bebado... É a unica hora pra esquecer de tanta coisa ruim que nos prende, que os prende a realidade tão nua.
Se isso for pão-e-circo, pelo menos eu consigo entender melhor do que os jogos de futebol e a paixão por times... Quero dizer, numa escola de samba, as pessoas trabalham o ano inteiro, escolhem o samba-enredo, fazem ensaios semanais, cantam, dançam, participam, trabalham de fato... E depois fazem o desfile, elas são o show, querem dar tudo pra vitória, pra consagração... Quanto ao futebol, são meros espectadores... (isso na minha cabecinha é incompreensivel, mas eu tenho minhas restrições mentais, né...)
Mas se você não gosta de samba, nem frevo, nem micareta, vá procurar alguma coisa que o divirta. Tantas apresentações de jazz, mpb, até as classicas baladinhas alternativas estão aí pra isso e, inclusive, pegam onda nesse feriado. Pra que ficar de cara amarrada reclamando nos desfiles enquanto os assiste na Globo? Só pra se fazer de cult-engajadinho?
Carnaval é pra ser feliz, se você já é feliz o ano inteiro, sorte sua, vai procurar uma peça de teatro, um show de qualquer coisa, ler um livro nem que seja de auto-ajuda. Deixe os outros terem pelo menos algumas horas de diversão sem serem condenados por isso.
Se no Brasil o ano só começa depois do carnaval? Talvez ele seja mesmo um divisor de águas, mas o povão está trabalhando de janeiro a janeiro, não em recesso como lá no planalto central...
Pra mim o ano só termina depois do carnaval.

segunda-feira, 12 de fevereiro de 2007

'Eu-não-preciso-de-você' revisitado

Gelo deixa minha língua mais dormente que seus beijos
Musicas falam palavras mais coesas
Quadrinhos me deixam de melhor humor
Alcool me faz ver em slowmotion
Chocolate produz mais endorfinas
Livros me entreteem mais...
Mesmo assim...
Você povoa meus sonhos.


Já me perguntei se doeria mais ver um antigo amor fazendo exatas coisas com um novo amor ou sendo completamente diferente...
Eu me decidi pela diferença. Mas continuo chamando-os de 'meus queridos'.
Prólogo I


Era madrugada quente, Lua dormia. Sem nenhum golpe de ar ou ruído estranho, simplesmente abriu os olhos. Fixos, sem nenhum motivo aparente. Algo impelia-a para fora da cama, para fora da casa, talvez... Até para fora da redoma. Levantou sem calçar os chinelos e quando caminhava vacilante pela grama umida, viu Cometa, parado, observando-a a metros de distancia.
Era primeira noite de lua crescente, não havia muita claridade, mas os cabelos incandescentes eram inconfundiveis. Continuou andando na direção dele.
Quanto tempo se passara desde a ultima vez que o vira?
Ela não esperava mais por ele, resignada à clausura da solidão, o fato dele estar ali novamente a surpreendia de tal forma. Uma forma triste pelas lembranças, mas surpreendente.
Ele ficava mais proximo a cada passo. Mais um. E outro, tão nítido o seu contorno, o contorno que conhecia tão bem.
A testa franziu quando recontou mentalmente a metragem. A espessa barreira de vidro, onde estava? Teve medo de bater nela, inesperada, e colocou os braços e as mãos a frente do corpo, mas não. E de repente soube. Soube e estremeceu. Euforia e medo ainda desconfiados.
Ela estava livre. Finalmente. A emoção impediu os movimentos das pernas.
Cometa então veio em sua direção, apenas dois ou três passos o separavam. Pegou na sua mão e guiou-a para longe dali.

sexta-feira, 9 de fevereiro de 2007

Eu crio as minhas proprias regras. E as sigo durante a minha vidinha.
E, então, resolvo quebra-las. E, então, sinto-me completamente subversiva!

Mas depois....

Bate uma vozinha pseudo-moralista-particular e dá um grito.
E eu estremeço, balanço a cabeça, lembro-me que gosto de sabonetes brancos, não como gelatina, sou viciada em virgulas. E que devo seguir as minhas regras o resto da vida pra me cuidar.

Mas, ah, eu adoro me por em risco.

(esse registro é pra contabilizar quantos dias até a proxima revolução-pessoal, Meu-Golpe-de-Estado)

quarta-feira, 10 de janeiro de 2007

Hoje me bateu uma saudade muito especifica, uma saudade de 2002.
Ter 15 anos pode ter sido muito divertido...

sábado, 6 de janeiro de 2007

Cheguei a conclusão de que estou perdida.
Incrivel como a personalidade de alguém, seus sonhos, medos e até banalidades podem mudar em pouquissimo tempo. E como podemos demorar pra perceber que mudamos.
Eu ainda tenho o mesmo formato, mas a peça do quebra cabeça agora tem outras cores. Eu me encaixo, mas não me submeto. Eu queria até minutos atrás, mas agora eu percebi que não quero.
E o que é que eu vou fazer? Mudar o cenário? Agitar as outras peças? Procurar novas?
O tempo está se esgotando e a cada grão caído da ampulheta, eu tomo consciência de que não é o bastante. Eu quero muito mais do que isso. Eu quero isso, aquilo e o que eu ainda nem sei que posso ter. Mas terei.
Eu vou ter tudo. E ainda não será o bastante.

(De repente a gente vê claramente a efemeridade e tem vontade de acabar com o vidro todo de uma só vez. Mas eu permitirei o processo lento, simplesmente porque enquanto esse vidro não acaba, eu adquirirei outros.)

*Eu realmente queria poder parar de adiar o inadiável.

terça-feira, 2 de janeiro de 2007

Mais da série Balanços de Fim de Ano.

Como toda pessoa bem cliche, cá estou eu pra fazer a minha propria reflexão sobre o ano que acabou.
2006 foi um ano estranho. Na verdade, aconteceram várias coisas chatas e bem chatas durante ele, parece que durou uma eternidade e ao mesmo tempo foi o ano mais rapido da minha vida.
Eu me preocupei com muitas bobagens, mas que me incomodavam muito. E quando me livrei delas, finalmente me senti feliz. Ao mesmo tempo que muitos fatos realmente importantes vieram em marolas e mesmo não tendo me acertado em cheio, fui obrigada a parar pra pensar sobre o que realmente importa nessa vida. Para as pessoas ao meu redor, eu peço desculpas profundas por ter estado tão longe quando devia ter apoiado, mas a distancia definitivamente pode interferir nas relações, apesar de não ter afetado em nada os meus sentimentos.
Uma coisa eu conclui, que dificilmente erro em relação a uma pessoa e seus atos. Agora vou confiar mais na minha intuição e não vou mais fazer esse tal de 'dar mais uma chance'. Tá, tá, podem dizer o que quiserem, mas até que me provem o contrario, as pessoas são extremamente previsiveis, talvez seja esse o meu dom. Eu não me lembro de ter errado. Se alguém me surpreendeu levemente, foi porque não dediquei o tempo necessario na analise. Portanto, não vou mais esperar o que as pessoas tem a dizer, nem esperar mudanças, nem achar que implicancias e manias podem ser relevadas se já alcançaram o maximo da curva de insatisfação. Sei que isso não é nem um pouco bonito de se dizer, muito menos politicamente correto. Mas eu decidi assim.
Na faculdade, esse foi sem duvida o meu ano mais produtivo. Posso não ter me matado de estudar, isso não é da minha natureza, mas tenho certeza que foi o ano que aprendi coisas mais palpaveis. Os outros dois anos contribuiram muito pra sutileza, gosto, senso. Esse ano as coisas foram mais praticas. Eu me vi apaixonada por designers, pelo que eles pensam, o que produzem, as nossas discussões e resultados. Eu tenho cada vez mais orgulho da minha turma da faculdade, porque há aqui muito respeito profissional. Ninguém aqui condena a area em que o outro quer atuar e não há como criticar o design de cada um, porque é tudo em geral muito criativo. Mesmo que não se concordem quanto as tendencias ou quanto as relações pessoais, nós nos respeitamos muito e permanecemos unidos. Eu só tenho orgulho dos meus companheiros de profissão da turma de 2004 de DI.
Na área afetiva da minha vida, não tenho do que reclamar. Pessoas vem, pessoas vão, tudo como eu já previa e, repito, confirma a minha tese. Quando parei hoje pra pensar no que escrever sobre esse assunto, não me veio a cabeça nenhuma reclamação, arrependimento ou saudade. Na verdade, a unica coisa que eu me lembrei de sentir falta, foi do gosto musical menos comum com o qual convivi e aprendi durante alguns meses. Isso me faz falta. Mas foi enormemente substituido por tantos outros estilos que invadiram o meu cotidiano e com o qual ando me identificando bastante.
2006 teve uma parte muitissimo divertida. Foram viagens, encontros, horas de conversas, baladas, refeições, noites em claro... Eu me diverti muito esse ano. Na verdade me diverti consideravelmente nesse segundo semestre, já que antes a minha diversão e alegria acabavam sendo sugados por más sensações que eu mesma criava. Mas de junho pra cá, com o N, o Interunesp, Caragua, a impolgação de começo de semestre, as pessoas querendo fazer qualquer coisas juntas pra se divertir, os programas de ultima hora, as besteiras... Meu deus, eu posso garantir, 2006 foi o ano mais divertido que eu já vivi na faculdade.
E é com essa aura que eu quero que inunde todo meu 2007, porque, sim, esse vai ser meu ultimo ano efetivo de faculdade e eu quero passar todos os segundo possiveis com as pessoas que eu amo e que por mais que nos esforcemos, vão se esvair aos poucos da minha vida depois desses 365 dias.
2007 com certeza será um ano muito intenso. Intenso mesmo.

2007 burn!