sexta-feira, 16 de fevereiro de 2007

Postulando sobre o carnaval

Hoje é sexta feira, o carnaval é só na terça mas podemos dizer que é véspera de feriado. O transito já está ruim, os aviões vão atrasar, eu vou pra praia, coisas assim...
Aí aparece toda aquela discussão mediocre sobre o 'ódio de alguns para com o carnaval', festa que só tem gente pelada, música ruim (?), que no Brasil-nada-funciona-antes-do-carnaval, ou que é um disperdicio ficar 4 dias e meio festejando quando se tem coisas muito mais úteis a fazer e que a imagem do Brasil por aí é só samba-bunda-plumas.
Ninguém quer a minha opinião, mas...
Carnaval é uma festa popular. Aqui no sudeste a gente vê as escolas de samba com mais destaque, mas por todas as regiões, as manifestações são 'très' variadas. São todos ritmos populares, mas cada um com o seu tipo de dança, tipo de vestimenta (e não a falta de), seus significados, seus publicos.
Musica ruim? Bom, eu entendo boas 'porra-nenhuma' sobre música mas isso pra mim é discursinho de pseudo-erudito. Quem estuda musica de verdade sabe muito bem que essas são caracteristicas muito importantes pra um povo como expressão e nela podem surgir grandes idéias, grande obras.
365 dias por ano. Você trabalha 365 dias por ano? Digamos que você tenha férias anuais de uns 20 dias, mais os finais de semana, mais os feriados prolongados... Não, eu não vou fazer essa conta, mas fique bem certo que grande parte da gente desse brasilzão-de-deus trabalha muitas horas por dia, incluindo finais-de-semana, feriados e sequer tem direitos para reclamar umas férias. Além disso, não tem oportunidade de pegar um ônibus e ir conhecer praias novas. Esse país pode até ter feriados demais no calendario, mas essas folgas só se aplicam a privilegiados e carnaval é um dos poucos sinonimos de festa pros outros grupos. Ou você já viu algum trabalhador arduo e honesto reclamar 'blasémente' da folia?
Eu tento entender tudo isso como uma libertação da rotina, das regras, do moralismo. Um dia em que você pode ser o que quiser, pode esquecer as regras de etiqueta, os padrões de beleza, se encher de purpurina, não se importar com as celulites, ser pecador-promiscuo-vagabundo-bebado... É a unica hora pra esquecer de tanta coisa ruim que nos prende, que os prende a realidade tão nua.
Se isso for pão-e-circo, pelo menos eu consigo entender melhor do que os jogos de futebol e a paixão por times... Quero dizer, numa escola de samba, as pessoas trabalham o ano inteiro, escolhem o samba-enredo, fazem ensaios semanais, cantam, dançam, participam, trabalham de fato... E depois fazem o desfile, elas são o show, querem dar tudo pra vitória, pra consagração... Quanto ao futebol, são meros espectadores... (isso na minha cabecinha é incompreensivel, mas eu tenho minhas restrições mentais, né...)
Mas se você não gosta de samba, nem frevo, nem micareta, vá procurar alguma coisa que o divirta. Tantas apresentações de jazz, mpb, até as classicas baladinhas alternativas estão aí pra isso e, inclusive, pegam onda nesse feriado. Pra que ficar de cara amarrada reclamando nos desfiles enquanto os assiste na Globo? Só pra se fazer de cult-engajadinho?
Carnaval é pra ser feliz, se você já é feliz o ano inteiro, sorte sua, vai procurar uma peça de teatro, um show de qualquer coisa, ler um livro nem que seja de auto-ajuda. Deixe os outros terem pelo menos algumas horas de diversão sem serem condenados por isso.
Se no Brasil o ano só começa depois do carnaval? Talvez ele seja mesmo um divisor de águas, mas o povão está trabalhando de janeiro a janeiro, não em recesso como lá no planalto central...
Pra mim o ano só termina depois do carnaval.

segunda-feira, 12 de fevereiro de 2007

'Eu-não-preciso-de-você' revisitado

Gelo deixa minha língua mais dormente que seus beijos
Musicas falam palavras mais coesas
Quadrinhos me deixam de melhor humor
Alcool me faz ver em slowmotion
Chocolate produz mais endorfinas
Livros me entreteem mais...
Mesmo assim...
Você povoa meus sonhos.


Já me perguntei se doeria mais ver um antigo amor fazendo exatas coisas com um novo amor ou sendo completamente diferente...
Eu me decidi pela diferença. Mas continuo chamando-os de 'meus queridos'.
Prólogo I


Era madrugada quente, Lua dormia. Sem nenhum golpe de ar ou ruído estranho, simplesmente abriu os olhos. Fixos, sem nenhum motivo aparente. Algo impelia-a para fora da cama, para fora da casa, talvez... Até para fora da redoma. Levantou sem calçar os chinelos e quando caminhava vacilante pela grama umida, viu Cometa, parado, observando-a a metros de distancia.
Era primeira noite de lua crescente, não havia muita claridade, mas os cabelos incandescentes eram inconfundiveis. Continuou andando na direção dele.
Quanto tempo se passara desde a ultima vez que o vira?
Ela não esperava mais por ele, resignada à clausura da solidão, o fato dele estar ali novamente a surpreendia de tal forma. Uma forma triste pelas lembranças, mas surpreendente.
Ele ficava mais proximo a cada passo. Mais um. E outro, tão nítido o seu contorno, o contorno que conhecia tão bem.
A testa franziu quando recontou mentalmente a metragem. A espessa barreira de vidro, onde estava? Teve medo de bater nela, inesperada, e colocou os braços e as mãos a frente do corpo, mas não. E de repente soube. Soube e estremeceu. Euforia e medo ainda desconfiados.
Ela estava livre. Finalmente. A emoção impediu os movimentos das pernas.
Cometa então veio em sua direção, apenas dois ou três passos o separavam. Pegou na sua mão e guiou-a para longe dali.

sexta-feira, 9 de fevereiro de 2007

Eu crio as minhas proprias regras. E as sigo durante a minha vidinha.
E, então, resolvo quebra-las. E, então, sinto-me completamente subversiva!

Mas depois....

Bate uma vozinha pseudo-moralista-particular e dá um grito.
E eu estremeço, balanço a cabeça, lembro-me que gosto de sabonetes brancos, não como gelatina, sou viciada em virgulas. E que devo seguir as minhas regras o resto da vida pra me cuidar.

Mas, ah, eu adoro me por em risco.

(esse registro é pra contabilizar quantos dias até a proxima revolução-pessoal, Meu-Golpe-de-Estado)